sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cana-de-açucar no Brasil

Historicamente a cana de açúcar é um dos principais produtos agrícolas do Brasil, sendo cultivada desde a época da colonização. Do seu processo de industrialização obtém-se como produtos o açúcar nas suas mais variadas formas e tipos, o álcool (anidro e hidratado), o vinhoto e o bagaço.

Devido à grandeza dos números do setor sucroalcooleiro no Brasil, não se pode tratar a cana-de-açúcar, apenas como mais um produto, mas sim como o principal tipo de biomassa energética, base para todo o agronegócio sucroalcooleiro, representado por 350 indústrias de açúcar e álcool e 1.000.000 empregos diretos e indiretos em todo o Brasil.

O Brasil produziu e moeu na safra 1999/00, 300 milhões de toneladas de cana de açúcar, 381 milhões de sacas de 50 kg de açúcar e mais de 12 milhões de m3 de álcool anidro e hidratado.



PROÁLCOOL

O Proálcool, Programa Nacional do Álcool, é o maior programa comercial de utilização de biomassa para produção de energia no mundo. Representou a iniciativa de maior sucesso mundial, na substituição de derivados de petróleo no setor automotivo, mediante o uso do álcool como combustível único nos veículos movidos à álcool hidratado. Ainda hoje há cerca de 4 milhões de veículos que utilizam exclusivamente este derivado da cana como combustível, representando 40% da frota nacional. E não se deve esquecer o importante papel desempenhado na solução do problema da octanagem da gasolina, substituindo o chumbo tetraetila, altamente prejudicial à saúde humana, na mistura gasolina -álcool (gasohol), hoje aceita e usada em praticamente todo o mundo

Em 1975, numa tentativa de amenizar o problema energético, o Proálcool foi criado pelo governo brasileiro com o objetivo de reduzir a importação de petróleo. Naquela época o mundo vivia o primeiro choque do petróleo. O Brasil comprava 80% do petróleo consumido e com a alta de preços entre 1973 e 1974, o país teve que enfrentar o crescimento da importação que passou de US$ 600 milhões para mais de US$ 22 bilhões. O Programa viabilizou a continuidade do abastecimento de combustíveis automotivos baseados no uso da biomassa, através do incentivo à produção de álcool nas unidades açucareiras e destilarias independentes, e do financiamento ao desenvolvimento de motores apropriados pela indústria automobilística, e de uma extensa rede de distribuição do combustível.

Posteriormente a baixa dos preços do petróleo, tornou o álcool pouco competitivo, exigindo subsídios para a manutenção do programa. Nos últimos 3 anos a política de eliminação de subsídios, provocou uma certa desorganização que vem sendo vivida e discutida , à procura de um novo equilíbrio entre os diversos atores da cena energética nacional. Atualmente, é baixa a produção de veículos novos a álcool, mas a recente elevação dos preços internacionais do petróleo cria perspectivas promissoras para o álcool combustível. Mais ainda porque o álcool tem tido seu reconhecimento na comunidade internacional como uma das possíveis soluções aos problemas ambientais destacando-se como um dos melhores candidatos a ser apoiados com políticas de financiamento (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - MDL), segundo o estabelecido no Protocolo de Quioto.

Informações Adicionais:

Proálcool – MCT e P



COGERAÇÃO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO

Desde a sua implantação e em maior escala a partir da metade do século XX, as indústrias do setor sucroalcooleiro desenvolveram instalações próprias de geração elétrica, seja através de pequenos aproveitamentos hidrelétricos, óleo diesel, e depois face à indisponibilidade de energia elétrica e aos seus custos, adotaram-se sistemas de geração, em processo de cogeração, ajustados às necessidades do processamento industrial da cana de açúcar, utilizando o bagaço.

Mas como a quantidade do bagaço produzida é muito elevada (aproximadamente 30% da cana moída), existe um grande potencial para geração de eletricidade para venda comercial.

De acordo com vários estudos realizados, o potencial de geração de eletricidade a partir de bagaço de cana no Brasil está estimado em aproximadamente 4.000 MW com tecnologias comercialmente disponíveis. As alterações na regras do mercado de energia elétrica, estão criando melhores condições para a oferta de energia por produtores independentes, podendo ser atrativas para o setor sucroalcooleiro, que vem experimentando mudanças e acompanhando pouco a pouco o desenvolvimento tecnológico, para aumentar sua produção de eletricidade.

Informações Adicionais:

Ver site do Cenbio (www.cenbio.org.br -> Documentos - Textos técnicos)

PERFIL DA CANA-DE-ACÚCAR NO BRASIL (valores expressos em 106)

1999/00 2000/01
Área para colheita (ha)
Área colhida (ha)
Produção
Quantidade Colhida (t) 306,97 207,10
Moída (t)
Bagaço (t)
Vinhoto (m3)
Açucar (t) 18,21
Álcool Total (m3) 13,00
Álcool anidro (m3) 6,13
Álcool hidratado (m3) 6,87
Produtividade (t/ha)
Consumo
Álcool Total (m3)
Álcool anidro (m3)
Álcool hidratado (m3)
Autogeração de eletricidade
Capacidade Instalada (kW)
Energia Gerada (MWh/ano)
Excedente Gerado (MWh/ano)

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CANA DE AÇUCAR - Série histórica (valores expressos em 106)
ITEM 1970/71 1975/76 1980/81 1985/86 1990/91 1995/96 1997/98 1998/99 1999/00
Área para colheita (ha)
Área colhida (ha) 1,19 1,57 2,58 2,78 3,30 3,60 3,76
Produção
Quantidade Colhida (t) 222,43 251,36 303,97 314,97 306,97
Moída (t)
Bagaço (t)
Vinhoto (m3)
Açucar (t) 7,28 12,02 14,09 16,89 18,21
Álcool Total (m3) 11,52 12,58 15,41 13,91 13,00
Álcool anidro (m3) 1,29 3,00 5,68 5,66 6,13
Álcool hidratado (m3) 10,23 9,58 9,72 8,25 6,87
Produtividade (t/ha)
Consumo
Álcool Total (m3)
Álcool anidro (m3)
Álcool hidratado (m3)
Autogeração de eletricidade
Capacidade Instalada (kW)
Energia Gerada (MWh/ano)
Excedente Gerado (MWh/ano)

Fonte: http://infoener.iee.usp.br/scripts/biomassa/br_cana.asp

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Energia do bagaço de cana avança no mercado livre

Gazeta Mercantil

A energia produzida a partir do bagaço de cana está atraindo o interesse das comercializadoras que atuam no mercado livre, ambiente de negócio em que não há vínculo com uma distribuidora e que representa 25% do total do consumo nacional. Até então essas empresas compravam energia de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) ou de grandes usinas hídricas.

“Sempre focamos a nossa compra de energia em PCH, mas agora a intenção é comprar mais eletricidade das usinas sucroalcooleiras”, afirma Paulo Toledo, sócio-diretor da Ecom Energia, a primeira empresa a abrir uma filial no interior de São Paulo - em Catanduva -para intensificar seus negócios com os usineiros. A meta da Ecom é negociar cerca de 150 megawatts médios de energia da biomassa neste ano, o dobro do volume atual.

A Comerc, que também já vende energia de biomassa, vê na fonte uma boa oportunidade para ampliação da sua carteira. “O potencial brasileiro nesse setor é muito grande e precisa ser aproveitado”, afirma Marcelo Parodi, presidente da comercializadora, que negociou 20 MW médios de energia de biomassa no ano passado e prevê chegar a 80 MW médios até o fim de 2009. A participação da eletricidade a partir da biomassa (cana e outros insumos, como o cavaco de madeira) na matriz elétrica é de 4,31%, ante 69,8% das hídricas. (págs. 1 e C7)